Hoje apresentamos mais um autor. Trata-se da Jornalista Paulista Carla Aranha que nos presenteia com seu poema.
Homens
Um homem é feito de pão velho,
de migalhas que ficaram sobre a mesa?
Não.
Um homem é feito de fome, de medo, de dor,
E também de coragem,
Senão não é um homem.
É um arremedo de homem.
É algo feito para durar pouco, para ser deixado.
Na esquina.
Como um pão que se joga fora.
Um pão velho.
Não.
Um homem não é isso.
Um homem é corpo.
Um homem é sangue, que corre nas veias.
Se não corre nas veias, não é homem.
Um homem para ser homem precisa saber erguer a bandeira.
Cantar a altos brados.
Ceifar a terra.
Podar, se for preciso.
Cortar, se for preciso.
Sangrar, se for preciso.
Um homem que é homem sabe quando é a sua hora.
O seu lugar.
E a sua hora.
Um homem que é homem sabe quando é hora de levantar a bandeira.
De tomar a mulher.
De levar embora a mulher.
De erguer a mulher.
Se o homem não sabe erguer a mulher, então não é homem.
Queremos homens que conheçam a fome. E que conheçam o pólen. E a dor.
Queremos homens que conheçam, que conheçam, que conheçam.
08/12/2009 às 14:26 |
Essa moça com certeza é de teatro. Certa vez escrevi uma peça que tinha essas palavras ressonantes (repetidas). Tem um cara que escreve por aí, ao ouvir uma leitura da peça criticou-me por ser tão redundante.
Só quem faz teatro percebe os nuances, os matizes e as ressonâncias.
Nemesmo?
02/09/2010 às 14:19 |
Parabéns, Carla! Beijos, Silvio.
22/01/2019 às 16:53 |
Belo poema!